PERDEMOS ESPAÇO NO CRÉDITO DE CARBONO
A América Latina não está aproveitando seu potencial na venda de direitos de emissões poluentes, perdendo terreno para a China e a Índia, segundo um relatório do Banco Mundial apresentado em Pequim e publicado na Folha online desse dia 26/10.
Nos primeiros nove meses deste ano, a China ocupou a maior fatia deste mercado, com 60%, seguida pela Índia, que subiu de 3% no ano passado para 15%.
Em terceiro lugar vem a América Latina, com 9%, liderada como sempre pelo Brasil (4%). O percentual da região ficou bem abaixo dos 19% do ano passado.
A falta de unificação do mercado latino-americano, os trâmites complicados e a exclusão de alguns países, como a Venezuela, são apontados como as causas principais da estagnação da região."Em seu conjunto, a América Latina tem um potencial parecido com o da China. Mas há grandes diferenças entre os países da região, e os processos para validar os projetos são mais lentos", explicou hoje à Efe o subdiretor de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da companhia elétrica espanhola Endesa, José Casas. Segundo a experiência da companhia, disse, Chile e Brasil são os países melhor organizados neste mercado.
O Protocolo de Kioto, que entrou em vigor em 2005 com a adesão de 156 países, estabelece várias ferramentas para reduzir as emissões dos seis gases que causam o efeito estufa. O dióxido de carbono representa mais de 70% do total. Os países desenvolvidos signatários do protocolo se comprometeram a reduzir em 5,2% as suas emissões em relação aos níveis de 1990, durante o período de 2008 a 2012. Pelos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), eles podem comprar créditos certificados de carbono em nações em desenvolvimento, livres de compromissos.A China se tornou o principal vendedor de créditos de carbono, passando a Índia. Segundo os analistas, o motivo é o alto preço cobrado pelos indianos."No ano passado, os indianos começaram a pedir preços muito altos. Agora eles baixaram de novo, porque viram que os compradores podem adquirir créditos em outros lugares", disse Michael Fuebi, vice-presidente de proteção climática da alemã RWE.
Os preços dos créditos de carbono são um dos assuntos que mais preocupam aos compradores. Alguns temem que a hegemonia chinesa provoque uma alta. Mas Pequim promete manterá um nível estável.
Outro problema do mercado chinês é que, até agora, os acordos se concentram em projetos para reduzir o HFC-23, um tipo de hidrofluorcarbono (um dos seis gases incluídos em Tóquio) que oferece maiores lucros porque tem um potencial poluente 12 mil vezes maior."Não vamos mais participar de projetos de HFC. A tendência será rumo a projetos de eficiência energética e energias renováveis", disse Lu Xuedu, subdiretor do Escritório de Meio Ambiente do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Segundo o relatório do Banco Mundial, as iniciativas "limpas" estão crescendo e, neste ano, foram 26% do volume total de projetos em países em desenvolvimento, mais que o dobro do ano passado. Os de HFC, porém, ainda são 51%.
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